Quando se ouve o nome Heraldo Paarmann logo se pensa em rock. O guitarrista ficou mais conhecido quando, em 1991, foi escolhido novo integrante do Ultraje a Rigor, onde tocou até 2002. Mas o Heraldo desta entrevista se coloca muito além: é um pesquisador da música e ensina o que aprende dando aulas e colocando ação em diferentes projetos que chegam a misturar o gênero nascido nos anos 50 com a música clássica. Com seus dois filhos, Patrick (16) e Nicolas Niederauer (11), se apresenta com o Paarmann Rock Family no Festival CCJ É Rock no dia 21 de julho, contando a história do rock e, claro, tocando músicas. Como convidado, o vocalista Marcio Parra. “O projeto foi uma proposta que recebi do Eduardo Santana, do CCJ, como uma espécie de show comemorativo. Eu já tinha pensando em alguma coisa nesse sentido, de tocar com meus filhos, mas não havia nada concreto ainda. Eles têm a banda deles, eu tenho a minha. A gente sempre tocou juntos, mas nada nesse sentido. Achei a ideia motivadora e, portanto, pode se transformar em algo no futuro”, diz o músico, que no segundo semestre completa 50 anos e 38 de guitarra.
Rock em família
“Eu fiquei estigmatizado no rock pelos meus 12 anos tocando no Ultraje a Rigor. Obvio que meu estilo principal de escuta é o rock. Desde criança, através de meus pais, eu ouvi rock. Mas sempre escutei música. Não vou falar que eu escuto de tudo porque isso é mentira. Ninguém escuta de tudo e gosta de tudo. Tenho varias vertentes de escuta. E aí você tem seus filhos, eles estão em casa e eles começam a tocar, você começa a mostrar coisas… Não é exatamente gostar de rock, sabe? Vamos dizer que o tipo de música estimula alguém a tocar. Na minha época chamavam o rock de som de maluco por balançar a cabeça e ficar doidão. O dito pauleira, né? Mas isso é o estereótipo. Acho que o rock estimula essa coisa de tocar, de prestar atenção nas levadas, bateras, frases. Gosto do rock mais simples, do rock mais médio e do rock mais complexo. É uma curtição de música. Tem gente que pira com solo de violino, com solo de piano, dentro da música de concerto, e tem gente que pira com outras coisas. O foco que procurei dar para os meus filhos é curtir o som dos instrumentos, o som dos dos instrumentistas. Conversando com o meu filho mais novo, esses dias, ele me disse que gosta de jazz, que gosta da batera mais levinha, um contrabaixo e voz. Quer dizer: a formação mesmo é gostar de música. Mas, sim, claro, a gente gosta de rock. Meus dois filhos aprenderam a tocar e fazer som de instrumento antes de conseguirem falar. Ambos tocam bateria, foram seus primeiros instrumentos. Eles sabiam fazer ‘bum, bum, bá’ e ainda não sabiam dizer ‘papai’ ou ‘mamãe'”.
Música para todos
“Tenho alguns projetos. Diria que sou um músico inquieto, resistente no sentido de lutar pela cultura brasileira. Minha pretensão é valorizar o bom. Não é deixar de ter música de entretenimento, mas incentivar outros cenários. Não tenho problema nenhum com as músicas passageiras, ou as ditas ruins. O que deveria era ter mais espaço para a música com qualidade, a música artística, a música complexa, a instrumental. Espaço para todos.”
O que vem por aí?
“As novidades para o próximo semestre é que tenho um quarteto de guitarras chamado Quarteto Kroma e em setembro vamos comemorar 19 anos de estrada. Digamos que essa é uma das minhas maiores teimosias no sentido positivo. Tocamos música de concerto, mais conhecida como música clássica. Tudo na formação de quatro guitarras, como se fosse um quarteto de cordas. E a gente está com um projeto em andamento: a produção de um documentário sobre o quarteto. Estamos terminando as captações dos depoimentos no próximo mês e depois vem a edição disso tudo. Em setembro também comemoro 15 anos de um projeto que começou de brincadeira, o Ledness, um tributo ao Led Zeppelin. Começou como um sonho de criança porque sempre gostei do Led. Comecei a tocar músicas da banda nos anos 80. Minha primeira banda cover do Led começou em 88. Dai dei uma pausa em 2000 eu retomei. Em 2014 dei outra parada e agora retomei de novo. Possivelmente vamos fazer uma comemoração dos 15 anos de Ledness.”
E mais…
“Em julho, no dia 27, vou me apresentar com meu amigo Flavio Suete. Nós criamos um projeto chamado Syntax. Começou em 93, logo que eu entrei pro Ultraje e a gente ficou muito próximo. Ele era batera da banda. A gente começou a compor através do modem. A gente conectava nossos computadores via telefone. Tínhamos o mesmo equipamento de estúdio e fomos compondo despretensiosamente. Quando chegou em 2014, depois de tantos anos, a gente lançou um CD chamado “14400” em homenagem ao modem US Robotics. Esse trabalho pode ser encontrado no Spotify e a gente tem a nossa fanpage também.”
“E vamos nos apresentar com o grupo Piap, que faz música de concerto. O evento é para comemorar os 40 anos do Piap. Fizemos uma transcriação, uma adaptação dos instrumentos de banda e só ficou a batera e a guitarra, e eles tocam seus instrumentos de percussão. E logo logo vem um trabalho solo, vamos ver o que que dá… Ah, e também tem uma banda de cover que toca vários clássicos e o Patrick, meu filho mais velho, é o batera desde o começo do ano.”
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