“A Prova” se origina em um episodio da vida do italiano Primo Levi, prisioneiro do campo de Auschwitz durante o último ano da Segunda Guerra Mundial. Químico de profissão, foi detido como partisano em sua Itália natal, e condenado por ser judeu.

Os campos alemães forneciam ao Ministério da Indústria mão de obra escrava. Levi se apresentou a uma convocação por químicos, para trabalhar em um setor de produção de cloreto de magnésio. Quase todos os selecionados foram destinados a tarefas de limpeza dos equipamentos de produção e ao transporte de matérias primas.

O grupo de químicos estava a cargo de um kapo que, como era costume nos campos alemães, era um preso comum, condenado por roubo ou assassinato.

O episodio que relata Levi em seu livro Se isto é um homem refere-se a uma prova de química à qual teve de se submeter para que o admitissem no grupo. O italiano conta como um kapo o leva diante de um doktor que lhe aplica o teste de química.

Em “A Prova”, Primo e seu interrogador cruzarão seus olhares uma vez. Primo diz: “Aquele olhar não foi trocado entre dois homens; e se eu soubesse explicar a fundo a natureza daquele olhar, trocado como se fosse através da parede de vidro de um aquário entre dois seres que vivem em dois mundos diferentes, teria explicado também a essência da grande loucura da terceira Alemanha”.

“A Prova” se inspira nesse episodio, embora não conte os fatos concretos. Deliberadamente se afasta das circunstancias históricas e dos lugares específicos, porque provas são, sempre, e em todo lugar, um abuso.

A peça terá três sessões: sexta-feira (8), às 10h e às 14h30; sábado (9), às 18h.

Sobre o Teatro Popular Casa de Bambu
O Teatro Popular Casa de Bambu tem o objetivo de criar um espaço cênico sustentável e intinerante. Baseando-se no conceito de bioconstrução e utilizando como material principal o bambu, matéria-prima natural que alicerçou diferentes construções de habitações e espaços de convivência social, em diversas culturas, como os nômades da Ásia Central, o grupo pretende circular com seu teatro móvel e apresentar gratuitamente seus espetáculos.

FICHA TÉCNICA
Elenco: Elton Santos, Ícaro Rodrigues e João Attuy
Direção: Vera Lamy
Texto: Carlos Reherman
Tradução: Silvana Garcia
Dramaturgia prólogo: Vera Lamy
Direção musical: João Attuy
Assessoria musical: Yuri Prado
Orientação corporal e máscara: Gabriel Bodstein
Figurino: Éder Lopes
Concepção do espaço cênico: Elton Santos e João Attuy
Cenotécnicos: Edson Luna e Fagundes Emanuel
Fotógrafo: André Murrer
Projeto visual: Murilo Thaveira
Produção: Ícaro Rodrigues e Vera Lamy